9.8.06

A Pele do Mar

O ar oprime a pele do mar.

O mar almeja espalhar desde si suas inconstâncias aterradoras.


De algum triste engano fiz-me ao mar
e o mar destragou-me
devolvido ainda vivo trago este cálculo insolúvel que me pesa os rins.
Me atravessa mal no corpo a água
Sou parte inundado
parte ressecado
Morro afogado, morro de sede.
Daquí vejo só profundidade




Rebusquei umas palavras já ditas
desditadas pela falta de uso
quiproquó de coisas interditas
quiz fazê-las e fí-las costumeiras
Uns se apoderam, sou destes,
outros se aglomeram em volta do mediano
Medeiam, que tragédia.
O vão entre a palavra e o gesto é o que se espera para compreendê-la.
Mas, plenamente compreendida já é tarde.
Presto jazem os filhos, verdes folhas caídas.



A ponta da língua testa
se irrita recua
Afirma rígida entre os contráteis mesmos lábios dois entreabertos
hirtos entre a mesura e a languidez.