17.4.07

O mundo estranho


Essa é a concha partida
que preserva a lembrança de quando não me contive
essa areia que arremeda úmida uma antiga concisão constrói desconstruindo
a morada que hoje me abriga
libertar-me foi perder-me
fere-me os pés essa praia de conchas quebradas
livre de traduções alheias não há nácar que me reflita e vivo no opalescer de nada me constatar existindo
sem contenções espráio-me indefinido
sou um eterno regurgitar de bolhas na espuma
minha história contei ferindo a areia
nada sobrevive à contingência das marés
A imagem é uma pintura de
Gustave Courbet intitulada
'A origem do mundo'