27.2.07

Aquí onde tudo silencia




A alma é o pássaro de asa quebrada nua de penas.
Seu canto ecoa sem destino, reverbera nas rochas
a resposta presumida na pergunta que não questiona.
Não voltará para casa. Seu ninho, o vento espatifou
Dos mil gravetos catados preciosamente
Resta esse, agudo, no qual espera ver brotar algo verde.
Permanece sépia, pois é de memória que se constitui.

15.2.07

"...num oceano de brumas dividido entre a divina loucura e o amor transbordante."

"No princípio era o escuro vazio do sem nome e só o medo campeava no silêncio da treva."

http://vimeo.com/46956050

"Este, o que move a roda escura dos dias, dos teus dias."
"Que fina erosão esculpe meus sentidos."


"É da fêmea os abismos e as obscuras forças da terra, é da fêmea o segredo da chuva, do sêmen e o sal da colheita."

" Por que falar do amor, esse eterno suplício, mão que tateia a ausência de outra face?"


"O medo é o que me prende ao chão."



"As volutas de um buzio capturam o infinito e o horizonte é um círculo que, rápido, se fecha."


"Nenhuma presença é mais real que a falta e a solidão me curva como um arco."


"Como é doce o ruflar de asas na garganta
como é doce o roçar de penas no pescoço
o sonido do vôo
o sibilo da flecha(...)"

"Seguiremos juntos, teus dedos como setas apontam meu destino."



Amor e Loucura
direção artística e bonecos
olga gomes
manipulação
fábio pinheiro
marcus sampaio
olga gomez
stella carrozzo
roteiro original
grupo a roda
poemas e voz
myriam fraga
direção de cena
grupo a roda
rino carvalho
cenografia e figurino
fábio pinheiro
olga gomez
direção musical e execução da trilha
uibitu smetak
Espetáculo contemplado pelo
Prêmio Montagem de Médio Porte da Fundação Cultural do Estado da Bahía e pelo
Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz com patrocínio da Petrobras


nesta postagem:
fotografias de luiz felipe
trechos dos poemas de myriam fraga

9.2.07

FUGIT, DUM ASPICIS

Ela escapa enquanto a fitas


Para fazer nascer e destruir bolhas de sabão.
Que não se comprimem além do tanto do sopro.
E não se expandem além do existido.

Margens da verdade das coisas frágeis.

A efemeridade da existência destrói qualquer desejo de amar coisas que permaneçam. As coisas perecíveis são comoventes. Estas coisas que, sem qualquer outra pretensão, são plenamente existidas em sua passagem. Será possível existir sem a carga da função? O pesado véu que nos oprime em toda estética relacionada à morte não seria, em suma, o peso da função? Concordo, e me parece irremediável concordar que todo gesto é um gesto em relação ao outro, conclusão aterradora se tomamos a liberdade como bem maior. Esta busca, essa angústia por permanecer, por manter uma função em relação ao outro, não nos tira, também irremediavelmente, a liberdade?

Buscamos todo tempo, em todo gesto, imprimir um simulacro do que acreditamos ser (ou do que, pelo menos, queremos que acreditem que somos) na memória do outro, algo que nos faça significar, nunca nos basta significarmo-nos a nós mesmos.

Tensões internas e externas fazem a bolha de sabão existir, falta-lhe consciência para se regozijar do quão pouco precisa para existir e para lamentar suas opressões.

Toda criança tem um encantamento especial por bolhas de sabão, encantamento que certamente se estende por toda a vida. Não há nada que substitua o prazer de ver uma bolha de sabão surgir, flanar e desintegrar-se para nunca mais.


OMNIA SOMNIA

Tudo é sonho