12.2.08

Lista das coisas que me emocionam isoladas e em seu conjunto

repostagem redefinida e talvez infinda




Um quintal silencioso e coberto de sombras tristes no final da tarde.
Olhar por sobre os três muros dos meus limites outros três tristes quintais.

Tudo o que respeita a tristeza e o silêncio do final da tarde.

Conversas sussurradas e distantes sem pressa de estar em outro lugar.
Tudo o que é feito sem o tempo.

Um jardim descuidado onde as folhas se acumulam.
Uma folha amarela pousada em qualquer lugar, dignificando-o.


Rostos de leões nos frontispícios num eterno rugir de alvenaria.

O barulho das cigarras.
O tilic-tic dos bilrros de minha avó pela manhã, os mistérios gozozos entre seus dedos ás seis da tarde.
Chuva e o avião que passa na madrugada.
Barulho de amassar o papel fino da carta inacabada.


Escadas estreitas de madeira.

Sentar nos seus degraus.

Desde o telhado, atraves de uma clarabóia, ver uma pessoa dormindo coberta de chenil.

Chão de madeira recém encerado com cera vermelha.

O cheiro da cera vermelha.
Passar entre as contas de vidro da cortina que mistifica a cozinha.
Bibelôs de louça com cores doces sobre móveis de madeira escura.

Vê-los pela janela desde aquí fora.

Saber que vai chover logo mais à noite.
Abrir o livro novo.
O olhar de quem acabou de fechar um livro.



Escrever listas de coisas percebidas enquanto vivas.