28.5.07

Ensaios híbridos



Viste a baleia viva
no vivo sonho
Leviatã de barbatana espadanando a sopa primordial no mar de antanho
Berço-mor lápide da criação
Viste o patriarca ensimesmado
Observando o cachalote a mugir seu canto de amor à vida.





Nesse ir e vir de oceano
na sua antiga decisão de possuir a terra
Guarda-la como dantes em seu segredo abissal
Sou também a terra
A mais nova terra de sua sopa recém elaborada
O sal dessas lágrimas me diz, fui oceano!
Fui leviatã no encalço de sua firmeza
Adaptando construí o desejo da terra.

Insatisfeito contemplei o firmamento.




Não te cansas de olhar
O imutável mas inquieto mar antediluviano.
Que brinca de ser nuvem, de ser chuva, de ser mar de novo.Pra te encantar e reaver o sal do teu corpo.








Somos destroços de antigos naufrágios. Vagas aglomeram-nos nestas regiões abissais onde se soldam aos mecânicos os orgânicos em ensaios híbridos terríficos. Usinas metamórficas do abismo



Segunda imagem: 'Victorin prenant son vol' do livro de Nicolas Edmé Rétif ou Rétif de la Bretonne 'Découvert Australe par un Homme Volant ou Le Dédale Français' de 1781
Terceira imagem: 'Ideal view of marine life in the Carboniferous Period' de Louis Figuier no livro 'The Woerd Before the Deluge'
Não foi possível saber as referências da primeira e da última imagem.