8.2.08

O Suspiro

por Elaine Santana


O suspiro é uma tentativa última do organismo de tirar do coração a amargura que aflige o ser.
A respiração profunda absorve todo o ar possível para tentar envolver todo o motivo que faz cair às lágrimas. É um vento que entra pelas narinas. É muito mais que ar. Circula os pulmões e varre tudo. Tenta trazer para fora os carrapatos que sugam a energia vital do indivíduo. Procuram desesperadamente a tal da amargura, bichinho tinhoso que se esconde nos cantinhos aonde o suspiro não vai. Ás vezes chega a tocar as mãos dela, mas agarrar e trazer para fora que é bom... nada!
Amargura é um troço que quase todo o coração tem. Uns escondem com um tapete bonito. Porque ás vezes parece até chiclete; gruda de um jeito que pra sair... ave! Que trabalho!
E são todas diferentes. Cada uma com suas origens. Que nem as pessoas. A minha é engraçada. Pouca gente tem, eu acho (o ser humano tem mania de dizer que o seu problema é único, que ninguém sofre mais no mundo, só ele. Então, como eu também sou humano, acho mesmo que ninguém mais tem). Talvez por isso também esse texto nunca seja apreciado. Ninguém se identificaria com ele.
Minha amargura foi crescer. É. Crescer. Difícil. E complicado.
Eu não tinha medo antes disso acontecer, sabe? Mas quando aconteceu eu não gostei. Preferia ficar no “ralf” em Teofilândia...