20.8.07

Só o que trago dos anos 80

Quase nunca ouço música americana mas gosto de Cyndi Lauper e especialmente do álbum 'Sisters of Avalon'(com Jan Pulsford). Dentre suas músicas a que mais ouço é 'Mother', que me causa um estranhamento que beira o místico (e me faz lembrar Hamlet!). Encontrei um comentário atribuído à Cyndi Lauper sobre esta canção no blog 'Brothers and Sisters of Avalon'. Acho bastante confiável porque o discurso parece mesmo com o dela.


"Jan começou a escrever esta canção no Hotel Okura em Tóquio. Jan e eu terminamos ela Connecticut e Tennesse. Shang Shang Typhoon fez a harmonia nesta canção. Como a canção começou a ser escrita em Tóquio, eu e Jan precisavamos de alguém como Shang Shang Typhoon envolvido nesta canção. Eles (grupo de S.S. Typhoon) têm uma existência muito misteriosa, eu sinto como se eles estivessem vindo de um outro planeta mas quando eles entraram em nosso ritmo, eu percebi que eles são realmente maravilhosos. Esta canção é sobre nossa terra, a re-descoberta da terra. Nós, vivemos numa civilização em forma útero materno . Eu também tenho um útero porque eu sou uma mulher e eu tive que mudar o modo que eu penso quando eu percebi que esta civilização está toda conectada pelo útero de uma mãe... Eu escrevi esta canção num dia em que a lua parecia tão azul que isso me inspirou a cantar sobre esta terra e nós... é muito memorável".


Gosto muito desta foto de um disco recente, ela de 'glam lady' diante de NY saindo de um bueiro. Ela nasceu no Queens.

Site oficial de Cyndi Lauper

O comentário seguinte atribuído a Syndi Lauper e onde ela fala sobre a canção 'Love to hate', encontrei no blog 'Brothers and Sisters of Avalon' de Fábio Henrique.

"Como 'You Don´t Know', esta canção também surgiu quando eu estava muito chateada. A história é assim: Um dia, eu fui a um bar cheio de pessoas que estavam lidando com negocios de espetáculo. Eles não sabem qualquer coisa sobre o assunto, mas estavam conversando sobre artistas. Eu penso que isto é tão terrível o quanto eles não se preocupam com outros, mas o assunto se fixou nisso!
Eu disse que estava tentando algo novo, um homem me disse " Ei, isto não é possível para você e até mesmo porque esta é coisa ruim para fazer " (os Leitores não sabe o que Cyn estava tentando para fazer) Então eu pensei : "Quem decidiu que isto é ruim"? Eu estava tão furiosa. Eu poderia dizer que até mesmo se ele finge ser um bandido, dentro dele existe uma pessoa muito conservadora, que segue bem firme ali dentro. Assim, este sentimento que eu tive, me fez pensar nesta canção. Nigel Pulsford e William Witmann deram o acabamento instrumental nesta canção e eu também toco guitarra nela."

Praças e livros

Poderia dar-lhes nomes, mas não é o que melhor as representa. Vi muitas todas incrustadas na urbanidade. Ás vezes áridas, ás vezes cálidas de vida, sempre oásis. Muitas propõem o descanso no caminhar em si, quando seus canteiros se estreitam centenas de metros entre vias paralelas. Todas devem ter uma estátua, nem todas as têm. Para algumas seria o único simulacro de presença humana, algo que as justifica na lembrança de quem não mais as pode visitar quando ninguém mais o faz.
É um lugar de respirar, só lembramos disso quando lá estamos.
Ali sob os cajueiros onde, encarapitado, ensaiei meus primeiros jogos eróticos. Onde os flamboyans rivalizavam com as nuvens de final de tarde em flamejações. Onde nós moleques assavamos pardais e tanajuras.
Foi em uma praça que os encontrei, os livros. Antes pensava que só existiam enciclopédias, que conhecia de lhes ver as figuras e onde tartamudeei as primeiras palavras numa época de primário de escola pública. Nem sabia existir bibliotecas e aquela, móvel (a propriedade que todo livro quer ter e nem sempre consegue) veio substituir em igual vertiginosidade, os brinquedos que dali em diante só serviam de espera para o momento mais feliz de ver a combi chegando com eles, os livros. Como girar nas argolas se Sherazade contava estórias para livrar o próprio pescoço a cada noite de mil e uma? Como duvidar entre a gangorra e o banco de madeira onde Marco Pólo dialogava com Kublai Khan? Porquê ver os gansos na lagoa e deixar os corvos de Põe?