24.11.08

"As Rosas não Falam – 100 anos de Cartola"




Pedro Morais interpreta canções de Cartola. A singularidade da vida cotidiana e amorosa dos morros expressa nos samba-canções compostos pelo autor orienta a escolha de um repertório que inclui, dentre outras, Autonomia e Alvorada.

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Direção musical
Jarbas Bittencourt

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Direção cênica
Juliana Ferrari

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Teatro Gamboa Nova
28 e 29 de Novembro
20 hs
Rua Gamboa de Cima, nº 3- Lgo. dos Aflitos
Informações: 3329.2418
Ingresso: inteira R$10 e meia R$ 5,00 (promoção - meia para todos)
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Violão - Mauricio Azevedo
Clarineta - Vanessa Melo
Percussão – Boka Reis e Cuca
Teclados e Acordeon – Jelber Oliveira
Cantoras Convidadas - Sandra Simões, Janaina Carvalho e Grupo Viva Voz

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Técnico de som - Felipe Menezes

Cenário - Fábio Pinheiro, Amarilio Sales e meninos e meninas da Creche Escola Alan Kardek.
Fotografia – Alessandra Nohvais
Programação Visual – Clara Oliveira Carolina

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Realização
Pedro Morais e NuMiollo - Núcleo de investigação da Cena. Grupo Residente na Aliança Francesa de Salvador

11.11.08

Sesi Bonecos 2008

Programação rara, difícil de ser encontrada.

"Festival de teatro de bonecos chega a SalvadorProjeto SESI Bonecos 2008 percorre o Nordeste para apresentar os mais destacados nomes da arte de manipulação de bonecos do BrasilEntre os dias 10 e 16 de novembro, Salvador recebe o maior festival de teatro e animação do mundo, o SESI Bonecos do Brasil. Oficinas, desfiles e apresentações fazem parte da programação do evento. Nos dias 10, 11 e 12 de novembro são oferecidas gratuitamente, no Teatro SESI Rio Vermelho, oficinas de bonecos com o artista Marcos Malafaia. A arte tomará conta do Largo do Terreiro de Jesus e do Cruzeiro de São Francisco, no Pelourinho, dias 15 e 16/11, a partir das 16h30 com a participação de teatro Lambe-Lambe, da companhia Diversos Grupos, espetáculos infantis como A lenda do dragão encantado e Marama, exposição dos 38 anos do grupo mineiro Giramundo e atelier ao vivo de mestres mamulengueiros, entre outras atrações.“O festival é um espaço de estímulo para a inteligência. Seja para fazer rir, para fazer chorar, para divertir ou para refletir”, afirma Lina Rosa, curadora e idealizadora do projeto.O SESI Bonecos traz um sortimento de nacionalidades, abordagens e estilos nunca visto, com encenações para crianças e adultos O público terá a oportunidade de assistir apresentações de bonecos que cabem na palma da mão a desfiles de bonecos gigantes. O mestre de cerimônias oficial do projeto SESI Bonecos é uma atração a parte e cai rapidamente nas graças do público de todas as idades. O boneco é uma peça construída com a técnica “luva com varas”. A mão do artista é introduzida por dentro, para manipular a cabeça e o corpo. Varetas de aço são usadas nas extremidades das mãos e movimentam os braços. Seu temperamento é divertido e eloqüente. Ele é uma espécie de garoto-propaganda do festival.Outras capitais - O SESI Bonecos 2008 teve a pré-estréia em Recife, no dia 03/11. Cinco companhias internacionais se apresentaram dentro do SESI Bonecos do Mundo. Em sua 5ª edição, o projeto já foi visto por mais de 1 milhão de pessoas, incluindo públicos das regiões Norte, Centro-Oeste, Sul e Sudeste.Neste ano, com várias novidades, o SESI Bonecos vai percorrer 3.284 quilômetros, levando em sua bagagem 60 toneladas de equipamentos. Depois de Recife e Salvador, a trupe segue pela estrada visitando mais quatro capitais nordestinas: Aracaju (22 e 23/11), Maceió (29 e 30/11), João Pessoa (6 e 7/12) e Fortaleza (13 e 14/12). "

Este texto está no Site do FIEB, Federação das Indústrias do Estado da Bahía

Imagens dos espetáculos podem ser vistos aquí no UOL Viagem

Aquí o site do Sesi Bonecos.

5.11.08

Tropeço

Clip do espetáculo de animação "Tropeço" da Tato Criação Cênica de Dico Ferreira e Katiane Negrão.
www.tatocriacaocenica.com.br

1.11.08

Encenações investigativas e questionadoras de seus próprios processos e linguagem são difíceis de encontrar, quando encontradas muitas carecem de mecanismos eficientes de comunicação. Deve ser esse um daqueles dilemas do pós-modernismo.
Parte de mim (grande parte, toda essa parte que deseja o pertencimento) se contenta com o que se apresenta, no mínimo, coerente. A coerência é o lugar que a muitos parece o refúgio único da eficiência, ela nos acalenta com a possibilidade de que tudo tem um propósito, de que tudo está organizado por uma mente paternal, conciliadora (resquício que o pós-modernismo ainda não conseguiu sacudir pra longe do seu pretenso lombo selvagem). A coerência nos oferece a sensação de missão cumprida, muito necessária ao senso comum, com o qual o artista tenta estabelecer alguma comunicação.

Gostaria de seguir sempre o princípio de que uma obra só pode ser confrontada com suas próprias escolhas, mas às vezes, quando a coerência me escapa, comparo obras cuja similaridade parece, e só a mim parece, razoável; tentando isentar-me o mais possível de fazer qualquer juízo de valor, de qualquer crítica reducionista que me afaste das investigações a que me proponho.

O teatro de animação possui a vantagem de conquistar a identificação do público muito rápida e eficientemente; fator de grande responsabilidade por parte de quem decide fazer teatro de animação, e principalmente de quem se utiliza de um boneco ou objeto já atrativo pela plástica, seja escultórica ou gestual; algo interessante para os que se aproximam do teatro e buscam compreender seu efeito, função e necessidade no espírito humano. Devo deixar claro que, por ‘função e necessidade’ não quero dizer funcionalidade que, muito acentuada no teatro social ou engajado, parece desnecessária à arte.

Assisti muito recentemente ao infanto-juvenil de Juliana Notari intitulado “Sonhos de um Pingüim de Geladeira”, no Sesc Ipiranga, experiência de sua pesquisa sobre solos e que propõe uma animação menos acurada em função dos conteúdos que ela tenciona tratar e da óbvia dificuldade da animação de diversos bonecos e objetos por uma só atriz (a própria Juliana acompanhada do músico Augusto Moralez que, juntos, formam a Companhia DuoAnfíbios). Trata-se de um teatro ‘com bonecos’ (e objetos) e não de um teatro ‘de bonecos’ (uma classificação provisória porque em vários momentos a atriz experimenta a neutralidade em função do boneco).
Outra companhia que propõe algo similar é a InBust que assume ser ‘teatro com bonecos’ centrando o interesse no carisma dos atores. É possível notar que em ambas as companhias existe um esmero na confecção dos bonecos e aqui seria interessante investigar a necessidade de tal.

Independentemente dos exemplos destas duas companhias (que têm uma investigação ampla), mas que em alguns momentos remetem ao que aponto, o trabalho de confecção do boneco parece anteceder ou se dissociar da proposta de encenação, é possível constata-lo quando detalhes de vestuário ou ‘maquiagem’ do boneco não são perceptíveis em cena ou quando mecanismos e articulações propostas pelo bonequeiro são pouco utilizados. Existem casos em que isso não importa e, ainda assim, a encenação se mostra eficiente, ou seja, crível. Lembro agora de um esquete da Usina Contemporânea de Teatro que em 1992, na Fundação Curro-Velho, mostrava, sobre balcão, um boneco de 15 cm, animado por três pessoas que, com varetas, ofereciam o distanciamento necessário para apresentá-lo à platéia numerosa. A personagem era uma bruxa vestida de negro, mas a encenação mostrava Madonna dançando sob o som de “Like a virgin”. Quem não tivesse a oportunidade de ver o boneco de perto acreditaria que foi construído para este fim; não parece ter sido o caso (claro, o simulacro de uma velha em gestos voluptuosos próprios de uma virgem em ebulição constitui uma apelo tragicômico considerável). Longe de viajar em significações e metáforas entre encenação e o boneco escolhido, os atores, com precisão de animação, tornaram o evento crível quebrando, com propriedade, paradigmas do teatro de animação. Sim, porque constitui paradigma o fato de um boneco ser confeccionado especificamente para determinada encenação. Em oposição lembro de trabalhos com lindos bonecos que faziam pouco além de mostrar a habilidade, estética ou mecânica, do construtor. Acredito constituir má fé não oferecer um conteúdo equivalente seja em qualidade de animação, seja em significado. Assim que o boneco seja construído durante ou após o processo de definição da encenação é possível notar o mesmo esmero demonstrando uma dissociação entre estes dois eventos: construção do boneco e encenação. Aqui é possível perceber a confiança, às vezes excessiva, no poder de identificação que o boneco exerce sobre a platéia. Volta aquela premissa de que em arte, como na natureza, menos é mais. Este mínimo de animação e caracterização necessárias para que um boneco ou objeto continue exercendo seu poder é algo também interessante de ser investigado.

Um evento na encenação de “Sonhos de um pingüim de geladeira” muito me chamou a atenção pela graça com que foi pensado. A cozinheira equilibrando sua bandeja de ovos: a atriz sai de traz da geladeira do título simulando o mar, ela dá o texto do capitão: “Remem ovos!” Como se não bastasse o trato eficientemente cômico do trágico da fragilidade humana um dos ovos cai (não sei se foi ‘marca’ ou acaso) e a atriz diz para a platéia, ainda na ‘voz’ do capitão: “Perdemos um”. Conjunto harmonioso e econômico de elementos instigando vários níveis de leitura. Achei, no entanto, desnecessária a caracterização representando rostos humanos nos ovos (o que se repete em outros elementos) fato estranho à proposta de despojamento da encenação. Aí vem a questão dos atributos. O que é um rosto? E nesse momento é inevitável lembrar da encenação de “Desconcerto” de Diana Raznovich dirigida por Juliana Ferrari quando a personagem Irene Delaporta questiona a platéia segurando, após se despir, o vestido estendido diante de si mesma com ambas as mãos: “O que é uma mulher?” Depois solta uma ponta do vestido e, segurando-o com apenas uma das mãos pergunta: “O que é uma mulher nua?!”. Percebo aqui uma questão: Qual atributo é necessário para dizer plasticamente: mulher!? E lá: Rosto!? Ou melhor, (de volta aos ovos) Humano!? As possibilidades de representação do humano são tão numerosas quanto são os humanos, essa diversidade é encantadora.

Assista o vídeo de "Sonhos de um Pinguim de Geladeira" no Youtube clicando aquí.