28.1.10

A vaidade da esfinge burra

A Esfinge Burra descende de antigos deuses pagãos mas converteu-se ao cristianismo. Paquera com o ateísmo socialista mas já desistiu da idéia de que é possível empatar o jogo. Despresa seus fãs esotéricos, mesmo assim aprendeu esperanto e também muitas línguas mortas.

A Esfinge Burra assistiu "O Anticristo" e ficou enojada com a atitude daquela mulher maluca, mesmo assim teve pena de que ela fosse morta do mesmo modo que as pobres bruxas medievais.

A Esfinge Burra, ao contrário de suas vítimas, é crédula. Acredita que sua forma, meio gente meio pássaro ou, mais modernamente, meio leão alado meio gente, lhe confere status. Ao ser criada a Esfinge Burra foi imbuída de uma vaidade exacerbada para que, sentindo-se única, não caísse em depressão feito certos congêneres seus como a criatura de Frankenstein, Dom Quixote, o Golem e Macabéia. Tem certeza que domina os que passam na estrada por estar à margem.

A Esfinge burra vai morrer de fome porque não sabe se as respostas de suas vítimas estão erradas.

20.1.10

A segunda híbris

A incógnita me burla onde quer que eu possa suspeitá-la.
Assim que a percebo na sombra dos móveis ela se torna uma meia, camisa torcida, um trapo, qualquer coisa que expresse inocência fingida. Ela também se oculta nas novas manchas da parede depois da chuva. Se infiltra nos recôndidos, me aguarda num cesto. Mimetiza-se entre os pêssegos ou na tapeçaria pendurada no vão das portas. O que resguarda a memória do tronco de uma árvore alí se enrosca em volutas atávicas de quem há muito só sabe tocar as coisas com o todo de seu corpo. Pendura sua cabeça triangulada como o fiel da balança; assim todos os pêndulos me assustam como se ela os possuísse. Ela está na maneira como os líquidos viscosos se derramam. Ela mesma derrama-se em queda surda. O ar suspenso em meus pulmões ajuda-me na petrificação diante de sua sinuosidade. Só assim a percebo além de sua contenção; fugindo à sua constrição.
Petrificar-se é adormecer e também estar alerta à sua especificidade contínua, contígua.
(postado inicialmente aquí em 7 de dezembro de 2006)

8.1.10

Defloração

Quero ler,
quero ver por força.
Fólio e desfolho a fluorescência do que é, súbito, verde.
E lembro-me, antes, entre as páginas de um livro
a fingir lugares secretos.

7.1.10

Laboratório de Sombras

A companhia A RODA de Teatro de Bonecos agradece a todos os que demonstraram interesse. Aquí a turma do Laboratório de Sombras:


Adriana Barbosa Rocha
Aldovando Rosa Morais
Alexandre Silveira de Souza
Amarílio Sales
André Nóbrega Maia Souza
Angra Silva da Mota
Cida Lima Barreto
Cláudia Furtado Baqueiro Buonavita
Daiane Gama Rocha
Daniela Maria Ponte Viana
Edinei Querino Ribeiro
Francinne Pereira Oliveira da Silva
Juliana dos Santos de Sá
Maria Aparecida de Souza
Maurício Lessa da Silva
Rita Elizabet Aguilera
Tacira Oliveira Santos Coelho
Valessio Soares de Brito
Yohanna Marie Assumpção da Silva