30.8.07

Quede, cadê?

É improvável que possa entender como foi possível esquecê-lo por tantos anos. Afinal qual a última vez que dele me lembrei? Esqueci.
Quando dei por sua falta? Como sou descuidado!
Quando o procurei? Se houvesse procurado talvez, ao encontrá-lo, o guardasse em outro lugar. Que outro lugar? Mas, afinal, qual foi o primeiro lugar onde o deixei? Definitivamente nunca o procurei. Talvez nem o perdera a não ser em minha memória. Estarão perdidas as coisas das quais não lembramos? Quantas coisas estarão assim não achadas por não procuradas, por nem lembradas. Coisas tantas. Um pedaço imenso que nos constitui sem o sabermos.
Não há tantos lugares onde procurar, aliás, há. Tantas mudanças... Talvez tenha ficado pelo caminho. Eu lhe tinha tanto apego! Não, se fosse apegado eu o mudaria de um lugar para outro e haveriam muitos lugares impregnados de seu significado e todos estes lugares me obsedariam com o peso de sua existência.Lembro muito bem da primeira vez. Não, não lembro. Estranho, por mais que retroceda não me é possível lembrar quando... Ah, mas me lembro como! Não, não lembro. Minha vida, agora percebo, é um ‘roll’ de negações sistemáticas.

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