16.3.08

Artimanhas da Loba

Literatura Revolucionária
por Neuza Noronha

Ontem, pesquisando sobre literatura, dei de cara com um site que ensina, em 10 passos, a transformar um espaço qualquer em um blog literário. Achei tão divertida a coisa que resolvi tentar. Os primeiros passos ignorei. Segundo dizem, é de suprema importância não haver cores além do preto no branco. Isso eu pulo. Não abandonaria o meu vermelho nem por todo sonho de ser alguém na vida.
Os demais passos dizem respeito à escrita. Um blog literário tem que ser inovador. A linguagem deve ser revolucionária e a estrutura das frases, inusitada. Tem-se que escrever algo de forma que o significado não seja claro. Quanto mais dificil o entendimento do leitor, mais valor ele dará ao texto. Tudo deve começar pelo título. Ele precisa ser chamativo, mas hermético. Não se pode esquecer que a primeira impressão é a que fica. Então o título tem que ser bem pensado e bem elaborado. E o resto, dizer tudo sem necessariamente dizer alguma coisa.
Não sou dada a modismos, mas resolvi ser modeira por um dia. E lá fui eu fazer o texto hermético. Aproveitei o tema combinado com a Dorita e a minha vontade de dizer não-dizendo para testar a minha capacidade de ser uma literata!
Mas o teste é com você. Se você nada entender, estou no caminho certo. Então, não se aflija. Pode continuar sendo simpático, mas não precisa colocar uma lupa para decodificar as entrelinhas. O chique é você sair daqui com aquela sensação de que eu escrevo tão bem que você, mesmo ótimo leitor, não conseguiu me alcançar!
Vamos lá?

Carta-convite ao clandestino de mim

Perdi a cabeça na guilhotina. Os pés devem estar encostados nas nuvens. Não importa. Não quero saber em que me transformei. Quero ser o algo que deixou de pensar para apenas sentir. Uma coisa qualquer pendurada na linha que limita o bem e o mal. Quero apenas sentir esta coisa que vem de dentro marcando o compasso de uma música que apenas eu sei cantar. Perder-me indefinidamente nos porquês sem respostas e marcar sucessivos encontros comigo mesma. Esquecer compromissos e dar férias à vida que corre paralela ao meu desejo. E quando eu não me bastar, quero estar em você. Desligá-lo de si mesmo e conectá-lo nas minhas córneas. Olharemos ambos para o centro da nossa terra. Inventaremos o nosso cataclismo e viraremos chafariz. Jorraremos espumas no tempo e apagaremos as pegadas do relógio. Deixaremos de ser e passaremos a estar no encontro clandestino de cada um de nós. E numa composição atemporal criaremos o perfume de nós dois. Pelo tanto que durar o canto do nosso encanto.* * *

Beijos divertidos a quem conseguiu chegar até aqui! Seja otimista: valeu pela
lady day!

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