17.4.07

O mundo estranho


Essa é a concha partida
que preserva a lembrança de quando não me contive
essa areia que arremeda úmida uma antiga concisão constrói desconstruindo
a morada que hoje me abriga
libertar-me foi perder-me
fere-me os pés essa praia de conchas quebradas
livre de traduções alheias não há nácar que me reflita e vivo no opalescer de nada me constatar existindo
sem contenções espráio-me indefinido
sou um eterno regurgitar de bolhas na espuma
minha história contei ferindo a areia
nada sobrevive à contingência das marés
A imagem é uma pintura de
Gustave Courbet intitulada
'A origem do mundo'

6 comentários:

Anônimo disse...

Obrigado pela sua visita ao meu blog. Espero que sempre possa aparacer por lá!
Abraços
Luciano

Wagner Marques disse...

O que nos deixa mais leve é o quão nos faz felizes penetrar nessa concha e sermos arrematados na língua que nos espera...

feliz post este, viu!

abração, Fábio!

Anônimo disse...

ao chegar aqui é que descobri o qto estava com saudades dos seus escritos. Li um bocado. Fiquei fascinada com o conto Onde tudo se perde! Aliás, gostei tanto de tudo... poemas, imagens, contos!
Ou seja, bom demais te ler, viu?
Beijãozão

Anônimo disse...

Olá, Fábio!

Agradeço sua visita e suas palavras tão gentís, quanto os textos que conseguí ler aquí. Inclusive este poema, belíssimo.
Voltarei mais vezes.

Abraços.

ninguém disse...

Fábio. Legal quando a gente descobre afinidades mal entra em um blog. Primeiro, a ilustração com a tela que ainda hoje deixa os visitantes no Museu d Orsay meio estranhos (vai entender!). Outra, a tua lista de gente de teatro de bonecos, que é minha maior paixão. Escrevi, durante anos, sobre teatro, para jornais aqui do sul e tive a felicidade de ir a vários festivais de teatro de boneco em Canela. E te digo: a humildade de quem faz teatro de bonecos é comovente. De qualquer lugar do mundo, sempre são simples e absolutamente geniais. Parabéns pelo seu site. E seu texto sobre estes mistérios de contação, que se tornam, ao final, espúrios ao virar palavra de wikipedia.
um abraço
maristela

Fabrício Brandão disse...

Fábio,
Por acaso cheguei até aqui, pesquisando pelo Google. Gostei do modo como tratas a poética, essa senhora mestra e misteriosa de todos nós. Adoro tais encontros.

Obrigado por linkar o site que edito com a minha querida Neuzamaria Kerner, a revista eletrônica cultural DIVERSOS AFINS(antes se chamava Baratos Afins). Gostaria de lhe avisar que, pela alteração do nome, agora estamos num novo endereço, onde sua visita e a de seus leitores será sempre muito bem-vinda.

Nosso novo endereço: www.diversos-afins.blogspot.com

Nosso e-mail para contato: diversosafins@gmail.com

Um grande abraço e tudo de bom!