Poderia dar-lhes nomes, mas não é o que melhor as representa. Vi muitas todas incrustadas na urbanidade. Ás vezes áridas, ás vezes cálidas de vida, sempre oásis. Muitas propõem o descanso no caminhar em si, quando seus canteiros se estreitam centenas de metros entre vias paralelas. Todas devem ter uma estátua, nem todas as têm. Para algumas seria o único simulacro de presença humana, algo que as justifica na lembrança de quem não mais as pode visitar quando ninguém mais o faz.
É um lugar de respirar, só lembramos disso quando lá estamos.
Ali sob os cajueiros onde, encarapitado, ensaiei meus primeiros jogos eróticos. Onde os flamboyans rivalizavam com as nuvens de final de tarde em flamejações. Onde nós moleques assavamos pardais e tanajuras.
Foi em uma praça que os encontrei, os livros. Antes pensava que só existiam enciclopédias, que conhecia de lhes ver as figuras e onde tartamudeei as primeiras palavras numa época de primário de escola pública. Nem sabia existir bibliotecas e aquela, móvel (a propriedade que todo livro quer ter e nem sempre consegue) veio substituir em igual vertiginosidade, os brinquedos que dali em diante só serviam de espera para o momento mais feliz de ver a combi chegando com eles, os livros. Como girar nas argolas se Sherazade contava estórias para livrar o próprio pescoço a cada noite de mil e uma? Como duvidar entre a gangorra e o banco de madeira onde Marco Pólo dialogava com Kublai Khan? Porquê ver os gansos na lagoa e deixar os corvos de Põe?
Nenhum comentário:
Postar um comentário