4.3.06

Ainda o tempo

Não, ainda não
vicejar do dia de me esperar tranquilo
caminhar no meu passo
ao lado o tempo
percebendo a troca das horas.

Não, ainda não
nem sequer distinto
longe
nem sequer descrito
só desejado
e olha que não por pouco se que tanto lhe aproximasse a vinda
tanto quanto não vê-lo e ainda
inda que baste
(mas não basta).

Não há trégua em nada que deus me queira destinado
(e tudo se lho cumpro a risca)
na vida parca, nada tem glória
nem o prazer em sobressaltos
feito fera no bebedouro entre outras feras
como as minhas próprias, perenes
com sensoras garras rasgando frestas nas paredes
do íntimo aonde moro cada pouco do meu gôzo.

Mas é feliz o depois
onde, furtado no retroz da mente
saudoso do andar tranquilo de todo momento
de lado com o tempo
na troca das horas...

mas são horas já mortas.

A roca das Parcas (1995)

6 comentários:

Anônimo disse...

Perfeito meu amigo!
Levanto e aplaudo. O final é emocionante. Como tudo o que escreves. Abraços.

Barbara disse...

Perfeito mesmo. Dilacerado... O tempo, as horas já mortas. Gostei muito.

# disse...

deixo as palavras de um outro poeta...também sobre o tempo...
O Tempo
o despertador é um objeto abjeto
nele mora o Tempo
o Tempo não pode viver sem nós, para não parar
e todas as manhãs nos chama
freneticamente
como um velho paralítico
a tocar a campanhia atroz
nós é que vamos empurrando,
dia a dia,
sua cadeira de rodas
nós, os seus escravos
só os poetas, os amantes,os bêbados
podem fugir por instantes
ao Velho...

Mário Quintana

Feliz disse...

ô meu chapa. valeu pelo comentário mais que pertinente lá no Céu da Boca. muito bacana o espaço aqui. se eu soubesse como botar um link teu lá, eu faria. abraço.

Anônimo disse...

Teu comentario la no meu blog deixou-me intrigado com tamanha desenvoltura com as palavras. Logo, resolvi conhecer teu canto, e o espanto, tornou-se admiração. Peço permição para linkar-te. Abraço

Anônimo disse...

O tempo passou rápido e eu sabia que tinha que voltar, mas não tão cedo... Abraços meus amigo.